Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007
Os apoiantes do «não» não deixam de reconhecer o enorme sofrimento em que se
pode encontrar uma mulher a quem se coloque a hipótese de fazer um aborto. E
é precisamente em nome desse sofrimento que pretendem ajudá-la de outras
formas, ao invés de lhe propor um crime como o do aborto que só lhe poderá
trazer mais problemas e não resolve nenhuns dos que ela já tem.
Além disso, não passam uma esponja por cima da existência do fiho que ela
carrega no ventre, porque, diga-se o que se disser, alegue-se com os dilemas
que se alegar, nenhuma das situações apresentadas para justificar um aborto
é tão grave como a pena de morte que recai sobre esse filho indefeso que
cabe a todos nós proteger. Compreendemos esse sofrimento e por isso
defendemos um verdadeiro e dignificante apoio às mulheres que por ele
passam, mas todos somos obrigados neste referendo a escolher entre a
liberdade da mãe e a vida do filho. A liberdade da mãe será muito maior se
ela procurar e tiver boas alternativas ao aborto. A vida do filho só pode
ser garantida se lutarmos contra o aborto, clandestino ou não.
A mulher tem direito a TODAS as escolhas que queira fazer, tal como qualquer
um de nós (e também noutras situações de sofrimento tão ou mais graves), mas
nenhum de nós tem o direito de dar primazia à sua liberdade sobrepondo-a à
vida de alguém. A «imposição» de que tanto se queixam os defensores do «sim»
é semelhante a todas as outras imposições a que estamos sujeitos pelas leis
da sociedade em que vivemos e cujo principal objectivo é preservar bens
maiores do que a liberdade que limitam. Por isso é que nem todas as
«imposições» legais são más ou devem ser evitadas. E a «imposição» de não
matar nenhum ser humano é a primeira e mais fundamental imposição de um
Estado de Direito, para bem de todos nós.
De Anónimo a 31 de Janeiro de 2007 às 17:37
A questão é que se o não ganhar, não estará impor nada. Os abortos vão continuar nos vãos de escada, em condições degradantes ou Espanha (mas só para quem pode). E gostaria de ver os apoiantes do não, caso ganhe, a apoiarem estas mulheres. Sejamos realistas. Ainda há muito para fazer relativamente às condições sociais no nosso país. Mas se calhar é mais fácil criminalizar, fingir que somos muito humanos, defensores da vida humana, dos fetos, embriões, ovos, zigotos. O ABORTO EXISTE e a política da avestruz não nos leva a lado nenhum, apenas é a mais fácil.
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